segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre a vida...


QUANDO ME TORNEI INVISÍVEL


Já não sei em que data estamos.
Lá em casa não há calendários e na minha memória as datas estão todas misturadas...
Me recordo daquelas folhinhas grandes, uns primores, ilustradas com imagens dos santos que colocávamos no lado da penteadeira!
Já não há nada disso.
Todas as coisas antigas foram desaparecendo e, sem que ninguém desse conta, eu fui me apagando também...

Primeiro me trocaram de quarto, pois a família cresceu.
Depois me passaram para outro menor, ainda com a companhia de minhas bisnetas.
Agora ocupo um desvão, que está no pátio de trás.
Prometeram trocar o vidro quebrado da janela, porém se esqueceram, e todas as noites por ali circula um ar gelado que aumenta minhas dores reumáticas.

Mas tudo bem...

Há muito tempo tinha intenção de escrever, porém passava semanas procurando um lápis... E quando o encontrava, eu mesma voltava a esquecer onde o tinha posto.
Na minha idade as coisas se perdem facilmente.
Claro, não é uma enfermidade delas, das coisas, porque estou segura de tê-las... Porém sempre desaparecem!

Noutra tarde dei-me conta que minha voz também tinha desaparecido.
Quando eu falo com meus netos ou com meus filhos, não me respondem.
Todos falam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles, escutando atenta o que dizem.
As vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer não ocorrera a nenhum deles e de que lhes vai ser de grande utilidade.
Porém não me ouvem, não me olham, não me respondem.
Então, cheia de tristeza, me retiro para meu quarto e vou beber minha xícara de café.
E faço assim, de propósito, para que compreendam que estou aborrecida, para que se dêem conta que me entristecem e venham buscar-me e me peçam perdão…
Porém ninguém vem....

Quando meu genro ficou doente, pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil, lhe levei um chá especial que eu mesma preparei.
Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse, só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento me indicou que se dera conta da minha presença.
O chá pouco a pouco foi esfriando… E junto com ele, meu coração...

Então noutro dia lhes disse que quando eu morresse todos iriam se arrepender.
Meu neto menor disse: “Ainda estás viva vovó?"
Eles acharam tanta graça, que não pararam de rir.
Três días estive chorando no meu quarto, até que numa manhã entrou um dos rapazes para retirar umas rodas velhas e nem o bom dia me deu.

Foi então quando me convencí de que sou invisível...
Parei no meio da sala para ver se me tornando um estorvo me olhavam.
Porém minha filha seguiu varrendo sem me tocar, os meninos correram em minha volta, de um lado para o outro, sem tropeçar em mim.

Um dia se agitaram os meninos, e vieram me dizer que no dia seguinte nós iríamos todos passar um dia no campo.
Fiquei muito contente! Fazia tanto tempo que não saía e mais ainda ia ao campo!

No sábado fui a primeira a levantar-me.
Quis arrumar as coisas com calma.
Nós, os velhos, tardamos muito em fazer qualquer coisa, assim que adiantei meu tempo para não atrasá-los.
Rápido entravam e saíam da casa correndo e levavam as bolsas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito alegre, permaneci no saguão a esperá-los.
Quando me dei conta eles já tinham partido e o auto desapareceu envolto em algazarra,compreendí que eu não estava convidada, talvez porque não coubesse no carro...
...Ou porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais caminhassem a seu gosto pelo bosque.

Senti claro como meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar...

Eu os entendo... Eles vivem o mundo deles.
Ríem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam.
E eu, já nem sinto mais o gosto de um beijo!

Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme tê-los em meus braços, como se fossem meus.
Sentía sua pele tenrinha e sua respiração doce bem perto de mim.
A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade de cantar canções que nunca acreditara me lembrar.
Porém, um dia minha neta Laura, que acabava de ter um bebê, disse que não era bom que os anciãos beijassem aos bebês, por questões de saúde...

Desde então já não me aproximo deles, não quero lhes passar algo mal por minhas imprudências.
Tenho tanto medo de contagiá-los!

Eu os bendigo a todos e lhes perdôo, porque...

“Que culpa tem os pobres de que eu tenha me tornado i n v i s í v e l ?”


Texto Original- "El dia que me volvi invisible"
Silvia Castillejon Peral, Cidade do México-2002

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sobre memórias

Certas memórias parecem sempre atuais.
Parece que vivemos "ontem".  Ou "indagorinha". rs

Carlos Drummond de Andrade sempre tocou meu coração e embalou meus amores, percorrendo pelo início, o meio e também o, sempre triste, fim.
Ele acompanhou todos os ciclos que já vivi, e tenho certeza de que acompanhará os que ainda viverei, até chegar o dia em que virá um amor que não terá mais fim. (Sim, eu ainda acredito no amor. rs)

Ontem, revivendo memórias dos amores da minha vida, lembrei-me deste e-mail transcrito abaixo...

Se há uma receita, ei-la aqui!

Serviu pra mim. Aliás, ainda serve (todo dia!)...
Tenho certeza de que servirá pra você também.

Por fim, eu declaro:
Adeus, passado!
Adeus pó, poeira e lamento!
E que venham as alegrias!
Porque hoje eu acordei com muita vontade de ser feliz! :)


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De: xxxxxxx (hehehehe)
Data: 28 de fevereiro de 2010 22:05
Assunto: A carta!
Para: Kelly Tavares

Escrevo este e-mail, querida Kelly, pois, anteriormente, uma carta você também escreveu. Hoje, encontrei-a, deliciei-me e fiquei melancólico, porém o sentimento predominante é satisfação da surpresa. Então decidi que devo lhe agradecer pelo carinho, ao menos com uma resposta, apesar de você merecer muito mais.
Ofereço-lhe, portanto, um poema de Drummond, já que na citada carta, citou-o a contra-golpe.

Veja o que ele também diz sobre o amor:
 
Para Viver um Grande Amor
(Carlos Drummond de Andrade)


"É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar,
Lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
De gostos, de gestos, de pele...
No modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
Dando uma chance para que o amor te encontre
Na suavidade morna de uma noite calma...
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho
Que se acalenta no desejo de: amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir...
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
A sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão,
Que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio... e o passo mais acertado
De todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for...
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama TEMPO... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre presentes




Hoje eu ganhei um balde.
Um balde de cuspe, direto na minha cara.


Se alguém quiser me dar algum outro presente, sugiro um lenço...


(Até porque... Cuspe?? Eu já tenho aos baldes...)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre o desânimo...

Uma coisa estranha me toma conta.
Percorre pelos meus braços e pulsa bem ali, na ponta dos dedos.
Arrepia de tanto cansaço.
Pesa sobre as pálpebras, que piscam com maior frequência e sob os pés, que sentem dificuldade em levantar.
Carrega as idéias e ideais em balões de pensamento, que voam pra bem, bem longe daqui...
Não quero ser.
Não quero estar.
Nem continuar, andar, parecer, permanecer.
Não quero ficar.
Não quero verbos de ligação.
Aliás, não quero verbo nenhum.
Não quero nada. Nem querer eu quero.
É um vazio que toma conta... Mas de tanto vazio, enche.
E fico assim, cheia de vazio.
Tão cheia, mas tão cheia que parece até que vou explodir...
Sono, chateação e uma lágrima que tive que engolir goela abaixo e agora está aqui, entalando quase um rio de gritos mudos.



"- Desisto de ti!" - disse o despertador.   

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sobre "pinguçar"

A gota d'água pinga da pia
pinga, pinga,
"pinguçando" sem parar.
A gota ginga no chão
vai dançando numa poça deslizante,
numa roda de gingado,
roda de capoeira aquática.
Dançando num nado sincronizado
cheio de água, lodo e poeira espacial.
Dança, maluco,
Dança sobre a poça d'água embaixo do cano da pia.
Cano rachado.
Rachado igual sua conta corrente.
Rachado igual seu dente da frente.
Rachado igual sua aorta entupida.
Dança, mané,
Dança com gosto!
Mas tome cuidado pra não escorregar...
Lembra? O doutor disse que, se cortar, não cicatriza...
É o Diabetes Mellitus...
Melindres...
Medos...
(E você ainda não jogou aquele pote de açúcar no lixo?!)
Ping, ping...
Mais duas gotas acabaram de pingar.
Uma do olho esquerdo.
Outra do cano da pia.
Pinga, pinga...
- Mais uma dose, por favor.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sobre o esquecimento...

As flores Miosótis também são conhecidas como “não se esqueça de mim” ou ”não me esqueças” em várias línguas, "non-ti-scordar-di-me" na Itália, "forget-me-not" na língua inglesa, etc.
São várias as histórias e lendas que explicam o seu nome.
Conta uma antiga lenda alemã, que o nome está relacionado com a última frase de um cavaleiro que, tentando alcançar uma flor para oferecer à sua companheira, por conta do peso da armadura caiu num rio e afogou-se. Desde então a miosótis floresce nas margens dos rios para que ninguém mais morra por sua causa e passou a ser chamada a flor do “não-me-esqueças”.
Numa outra lenda, conta-se que o nome teria sido atribuído por Adão, ainda no Éden que, ao dar o nome às flores do jardim, esqueceu-se desta, e mais tarde, ao constatar que essa planta havia sido esquecida, deu-lhe então o nome de Miosótis, como forma de compensação pelo seu esquecimento.
Uma terceira lenda, cristã e popular, conta que as flores dessa planta teriam ficado da cor azul quando a Virgem Maria lhes derramou lágrimas por cima.
E há ainda um folclore que costuma atribuir diversos poderes mágicos ao Miosótis, tratando-o, por exemplo, como chave mágica para tesouros enfeitiçados.



Desde pequenininha, sempre me encantei por esta pequena flor, com suas formas perfeitas e sua cor única...
Quando eu era criança acreditava que se desse miosótis a alguém, este alguém, de fato, nunca me esqueceria.
Mas eu também acreditava em tesouros enfeitiçados, flores falantes e cavaleiros apaixonados... (Sempre iludida... rs)

Bem...
Cresci e descobri que nada disso existe.
Não há tesouros, nem flores falantes, nem cavaleiros - ainda mais apaixonados.
Cresci e descobri que as pessoas, simplesmente, esquecem, por mais que ganhem mil ramos de miosótis.

O que existe, e existe aos baldes, é um monte de mentira enlatada, que as pessoas engolem todo dia como se fosse manjar, e ainda lambem os beiços.
Eis a verdadeira ração humana: vômito social processado e moído. Misture com leite e tenha uma bela diarréia intelectual.
Disponível, gratuitamente, em qualquer novela global ou reality shows.
Aproveite!

Tá bom...
Tô revoltada mesmo. rs
Mas quem se importa?
Saia deste blog e volte a ver sua TV.
Logo, logo, você vai se esquecer de tudo isso que leu aqui...
E de mim também...


Ah!
A propósito...
Tá vendo este ramo de Miosótis aqui?

[vergonha] Bem... [/vergonha]



É pra você.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sobremanhã

Sobremanhã
[De sobr(e)- + manhã.]
Substantivo feminino.
1.O fim da manhã; o começo do dia.
Advérbio.
2.Ao raiar o dia; ao amanhecer:




 
A noite fria, fria, fria
adentra o meu descobertor de idéias
e faz-me   f  e  r  v  i  l  h  a  r.
E a luz do dia, dia a dia*
fomenta angústias em meu coração:
Vira-me do avesso,
leva-me ao princípio,
e revela o final que eu não quero para mim.
Arrepio. Sinto. Calo.
Calafrio. Minto. Khalo.
É hora de mudanças...





As Duas Fridas - Frida Khalo (1939)
"Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade."
(Frida Khalo)





, disse Dali.





* De acordo com a nova regra ortográfica, sem hífenes (ou hifens, como preferir!)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre conceituar o que não se conceitua: desilusão

Conceitos, conceitos, conceitos.
Certas coisas não se conceituam, como, por exemplo, a desilusão.
Porém, fui desafiada a explicar em palavras este sentimento MALA (Gutural: Saaai!) que apoquenta, aperreia, aflige, aborrece e consome corações alheios.
E como não sou MULHERZINHA, vim honrar o desafio que me coube.
Liguei o "João" e vim escrever.
Agora chupa essa manga. há!

Para alguém estar desiludido, por óbvio que este ente deve ter, primeiramente, se iludido.
E o que é a ilusão?
Vejamos o que diz o Aurélio:

Ilusão
[Do lat. illusione.]
Substantivo feminino.
1. Engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação; falsa aparência: ilusão de óptica; ilusão auditiva;
2. Sonho, devaneio, quimera.
3. Coisa efêmera, passageira.
4. Logro, burla, engano.
5. Psiq. Psic. Percepção deformada de objeto.

Logo, podemos concluir que a ilusão é um “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”
Ela depende única e exclusivamente da pessoa que está se iludindo, isto é, o “manézão”, que se ilude SOZINHO!
Quando estamos iludidos, estamos ENGANADOS.
Sim, eu disse enganados!
É um erro! Um equívoco! É falso! É sonho! Devaneio!
Definitivamente, NÃO EXISTE!
Tudo depende da percepção da realidade que a criatura tem.
E percepção da realidade, tem gente que, simplesmente, não tem.
Tecidas estas considerações, vamos ao conceito de desilusão.
E, aparentemente, qual é a primeira diferença que se nota entre a ilusão e a desilusão?
Exatamente! O prefixo "des".
Vamos, então, entender este prefixo, e quem vai nos ajudar é o CARDOSO.
Manda aí, Cardoso!

"O prefixo des- indica separação, transformação, intensidade, ação contrária, negação, privação.
Segundo o Aurélio, “assume, às vezes, caráter reforçativo: desafastar, desaliviar, desapagar,desbarrancado, desborcar, desencabritar, desinfeliz, desinquietar, desinquieto, desinsofrido,desnudez, despelar; e, em um caso (pelo menos), reiterativo: deslavrar”.
Segundo Martins (1997, p. 121), “é com certeza o prefixo mais produtivo, mais popular, e desde as cantigas de escárnio já revelava a sua vitalidade”.
Na obra poética drummondiana esse prefixo aparece inúmeras vezes em formações dicionarizadas como: desamado, desamar, desamor, destramar, desaprender, desenfado, desesperança, desimportante, entre outros."

Menino danado esse Cardoso! Obrigada, viu?!

Pois bem, “des-iludido”, então, é quem se divorciou da ilusão.
Aquele que nega o sonho.
Que compreendeu que estava enganado.
Que não quer mais viver o erro.
Que não acredita mais no devaneio.
Que desvendou o que era falso.

Conclusão: desilusão é o DESENGANO (também conhecido como decepção...)

Desiludida (e, portanto, sempre iludida) por natureza, já me peguei, várias vezes, presa nas teias desse “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”
Principalmente quando falamos de fotos meramente ilustrativas, taí uma ilusão delivery-heartbreaker-tupiniquim-hard-feelings-self-service!
Quem nunca salivou diante de fotos meramente ilustrativas de taças de sorvete homéricas, e se desiludiu ao ver ser servida (com a maior cara de pau) uma reles tacinha, com um sorvetinho mixuruco te encarando(!) com cara de desdém?
É praticamente o apocalipse visual-gastronômico!

Mas o campeão master-of-the-universe de todas as desilusões de toda a história da humanidade de pessoas que têm (e também das que dizem que não têm, mas no fundo têm sim) coração, é ela!
A imbatível!
A invencível!
A cruel!
A avassaladora!
A destruidora!
É a...

(Que rufem os tambores!)

DESILUSÃO AMOROSA!

(Uma salva de palmas pra ela! Ôe! rs)

Ã-ãn. Não faça essa carinha de "não é comigo"! rs
Eu SEI que você já passou por isso.
Mas não foi só você não, geral já passou! A galera toda mesmo!
É pobre, rico, baixo, alto, magro, gordo, feio, bonito, legal, chato. Todo mundo!

Tentaram explicar este fenômeno, mas pra mim nem colou muito...
Então vou deixar que cada um tire suas próprias conclusões sobre esta relação “desilusão x amor”:

“O amor é filho da ilusão e pai da desilusão.” (Miguel Unamuno)

“No amor todos os caminhos acabam de forma igual - desilusão.” (Oscar Wilde)

“E que é amar? A estranha dor de estilhaçar a alma em carinho... É colher ao acaso alguma flor para despetala-la no caminho. E que resta depois de tantos ais? A saudade? Talvez... Ó alma enganada de ti e da flor não resta quase nada: um punhado de pétalas na estrada, um perfume nos dedos... - Nada mais.” (Menotti Del Picchia)

Essa tal de desilusão do amor é a responsável pelo desenvolvimento de várias síndromes e transtornos psiquiátricos, além de ser a ensejadora de altos índices de suicídios e assassinatos.
Na melhor das hipóteses, ela é fonte apenas de lagriminhas que brotam no escuro de um quarto com porta trancada.
(Ou ainda de uma dor no peito digna de Jogos Mortais.)
(Ou criadora de uma crosta impenetrável que lacra os corações impedindo-os de sentir qualquer coisa.)
(É, talvez estas não sejam as melhores hipóteses...)
(Adoro escrever entre parêntesis! Parece que estou solidificando meus pensamentos e, apesar de estar escrevendo como texto, aqui, entre os parêntesis, é expresso como pensamento mesmo. Flutua no discurso... Uoôw! rs)
(Legal isso, né? rs)

Mas independente do que ela faz a você, o importante mesmo é que passa, camarada.
Acredite: passa mesmo.
Quando você menos esperar já estará iludido novamente! :)

E é assim que acontece:
Primeiro a ilusão.
Depois a desilusão.
Um consolo amigo...
E você já estará pronto pra outra!

Para todos os desiludidos (Com o amor frustrado, com o trabalho desgastante, com a família desunida, com a amizade meia boca, com o chá emagrecedor que não funciona, com o professor que não ensina como você merece, com a taça de sorvete FAJUTA...), segue um consolo amigo.
Vai deixar seu coração quentinho, prontinho para receber o próximo “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”

O consolo não é meu, mas daquele nosso amigo testudo, tchutchuquinho, aquele poço de inteligência personificada, o “Ca-Dru” dos nossos corações, mano véio de guerra.

Mas, ó, se precisar de um abraço também, apareça em casa, viu?!
Sempre tenho reticências, piadas novas e bombons (comprados, hihihi) a pronta entrega. Nem precisa encomendar! rs

Consolo Na Praia
Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.