terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre conceituar o que não se conceitua: desilusão

Conceitos, conceitos, conceitos.
Certas coisas não se conceituam, como, por exemplo, a desilusão.
Porém, fui desafiada a explicar em palavras este sentimento MALA (Gutural: Saaai!) que apoquenta, aperreia, aflige, aborrece e consome corações alheios.
E como não sou MULHERZINHA, vim honrar o desafio que me coube.
Liguei o "João" e vim escrever.
Agora chupa essa manga. há!

Para alguém estar desiludido, por óbvio que este ente deve ter, primeiramente, se iludido.
E o que é a ilusão?
Vejamos o que diz o Aurélio:

Ilusão
[Do lat. illusione.]
Substantivo feminino.
1. Engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação; falsa aparência: ilusão de óptica; ilusão auditiva;
2. Sonho, devaneio, quimera.
3. Coisa efêmera, passageira.
4. Logro, burla, engano.
5. Psiq. Psic. Percepção deformada de objeto.

Logo, podemos concluir que a ilusão é um “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”
Ela depende única e exclusivamente da pessoa que está se iludindo, isto é, o “manézão”, que se ilude SOZINHO!
Quando estamos iludidos, estamos ENGANADOS.
Sim, eu disse enganados!
É um erro! Um equívoco! É falso! É sonho! Devaneio!
Definitivamente, NÃO EXISTE!
Tudo depende da percepção da realidade que a criatura tem.
E percepção da realidade, tem gente que, simplesmente, não tem.
Tecidas estas considerações, vamos ao conceito de desilusão.
E, aparentemente, qual é a primeira diferença que se nota entre a ilusão e a desilusão?
Exatamente! O prefixo "des".
Vamos, então, entender este prefixo, e quem vai nos ajudar é o CARDOSO.
Manda aí, Cardoso!

"O prefixo des- indica separação, transformação, intensidade, ação contrária, negação, privação.
Segundo o Aurélio, “assume, às vezes, caráter reforçativo: desafastar, desaliviar, desapagar,desbarrancado, desborcar, desencabritar, desinfeliz, desinquietar, desinquieto, desinsofrido,desnudez, despelar; e, em um caso (pelo menos), reiterativo: deslavrar”.
Segundo Martins (1997, p. 121), “é com certeza o prefixo mais produtivo, mais popular, e desde as cantigas de escárnio já revelava a sua vitalidade”.
Na obra poética drummondiana esse prefixo aparece inúmeras vezes em formações dicionarizadas como: desamado, desamar, desamor, destramar, desaprender, desenfado, desesperança, desimportante, entre outros."

Menino danado esse Cardoso! Obrigada, viu?!

Pois bem, “des-iludido”, então, é quem se divorciou da ilusão.
Aquele que nega o sonho.
Que compreendeu que estava enganado.
Que não quer mais viver o erro.
Que não acredita mais no devaneio.
Que desvendou o que era falso.

Conclusão: desilusão é o DESENGANO (também conhecido como decepção...)

Desiludida (e, portanto, sempre iludida) por natureza, já me peguei, várias vezes, presa nas teias desse “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”
Principalmente quando falamos de fotos meramente ilustrativas, taí uma ilusão delivery-heartbreaker-tupiniquim-hard-feelings-self-service!
Quem nunca salivou diante de fotos meramente ilustrativas de taças de sorvete homéricas, e se desiludiu ao ver ser servida (com a maior cara de pau) uma reles tacinha, com um sorvetinho mixuruco te encarando(!) com cara de desdém?
É praticamente o apocalipse visual-gastronômico!

Mas o campeão master-of-the-universe de todas as desilusões de toda a história da humanidade de pessoas que têm (e também das que dizem que não têm, mas no fundo têm sim) coração, é ela!
A imbatível!
A invencível!
A cruel!
A avassaladora!
A destruidora!
É a...

(Que rufem os tambores!)

DESILUSÃO AMOROSA!

(Uma salva de palmas pra ela! Ôe! rs)

Ã-ãn. Não faça essa carinha de "não é comigo"! rs
Eu SEI que você já passou por isso.
Mas não foi só você não, geral já passou! A galera toda mesmo!
É pobre, rico, baixo, alto, magro, gordo, feio, bonito, legal, chato. Todo mundo!

Tentaram explicar este fenômeno, mas pra mim nem colou muito...
Então vou deixar que cada um tire suas próprias conclusões sobre esta relação “desilusão x amor”:

“O amor é filho da ilusão e pai da desilusão.” (Miguel Unamuno)

“No amor todos os caminhos acabam de forma igual - desilusão.” (Oscar Wilde)

“E que é amar? A estranha dor de estilhaçar a alma em carinho... É colher ao acaso alguma flor para despetala-la no caminho. E que resta depois de tantos ais? A saudade? Talvez... Ó alma enganada de ti e da flor não resta quase nada: um punhado de pétalas na estrada, um perfume nos dedos... - Nada mais.” (Menotti Del Picchia)

Essa tal de desilusão do amor é a responsável pelo desenvolvimento de várias síndromes e transtornos psiquiátricos, além de ser a ensejadora de altos índices de suicídios e assassinatos.
Na melhor das hipóteses, ela é fonte apenas de lagriminhas que brotam no escuro de um quarto com porta trancada.
(Ou ainda de uma dor no peito digna de Jogos Mortais.)
(Ou criadora de uma crosta impenetrável que lacra os corações impedindo-os de sentir qualquer coisa.)
(É, talvez estas não sejam as melhores hipóteses...)
(Adoro escrever entre parêntesis! Parece que estou solidificando meus pensamentos e, apesar de estar escrevendo como texto, aqui, entre os parêntesis, é expresso como pensamento mesmo. Flutua no discurso... Uoôw! rs)
(Legal isso, né? rs)

Mas independente do que ela faz a você, o importante mesmo é que passa, camarada.
Acredite: passa mesmo.
Quando você menos esperar já estará iludido novamente! :)

E é assim que acontece:
Primeiro a ilusão.
Depois a desilusão.
Um consolo amigo...
E você já estará pronto pra outra!

Para todos os desiludidos (Com o amor frustrado, com o trabalho desgastante, com a família desunida, com a amizade meia boca, com o chá emagrecedor que não funciona, com o professor que não ensina como você merece, com a taça de sorvete FAJUTA...), segue um consolo amigo.
Vai deixar seu coração quentinho, prontinho para receber o próximo “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”

O consolo não é meu, mas daquele nosso amigo testudo, tchutchuquinho, aquele poço de inteligência personificada, o “Ca-Dru” dos nossos corações, mano véio de guerra.

Mas, ó, se precisar de um abraço também, apareça em casa, viu?!
Sempre tenho reticências, piadas novas e bombons (comprados, hihihi) a pronta entrega. Nem precisa encomendar! rs

Consolo Na Praia
Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

8 comentários:

  1. E aqui está mais um texto imenso!
    Se você leu até o final, parábéns! kkk
    beijos,
    Kelly

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  2. Tá, tá, tá, tá, tá! hehehe
    Li tudo sim e fiquei satisfeito.
    Você, como sempre, surpreendendo os camaradas.
    Desafiá-la é um desafio! hehehe
    Beijos, moça do cabelo de fogo!

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  3. ok, realmente o texto eh longo,nao gosto mto de ler,mas bem interessante este, e desilusao, todos passamos mesmo... mas creio q tudo eh caminho ate chegar na felicidade, sem mais desilusoes,nem pedras, nem coraçoes partidos ou tacinhas safadas de sorvetes..

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Que delícia de elogios!
    Seja sempre bem-vindo, Alex!
    Mas deixe de mariquice e coloque seu blog de novo no ar! rs
    Saboreá-lo é um suspiro infinito para os eternamente apaixonados... Não nos prive deste prazer! rs
    Beijos

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  6. Sim! Ele está devolta com endereço novo, layout novo, versos novos, fotos novas e o mesmo cidadão escrevendo! http://notivagamente.blogspot.com

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  7. Antes que o Abutre me zoe eternamente: já acabei com a mariquice, hahaha

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