terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre o segredo das mulheres no banheiro

O grande segredo de todas as mulheres com relação aos banheiros é que, quando pequenas, quem as levava ao banheiro era sua mãe. Ela ensinava a limpar o assento com papel higiênico e cuidadosamente colocava tiras de papel no perímetro do vaso e instruía:
"Nunca, NUNCA sente em um banheiro público"
E, em seguida, mostrava "a posição", que consiste em se equilibrar sobre o vaso numa posição de sentar sem que o corpo entre em contato com o vaso.
"A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, super importante e necessária e irá nos acompanhar por toda a vida.
No entanto, ainda hoje, em nossa vida adulta, "a posição" é dolorosamente difícil de manter quando a bexiga está estourando.
Quando você TEM que ir ao banheiro público, você encontra uma fila de mulheres, o que faz você pensar que o Brad Pitt deve estar lá dentro. Você se resigna e espera, sorrindo para as outras mulheres que também estão com braços e pernas cruzados na posição oficial de "estou me mijando".
Finalmente chega a sua vez. Você, então verifica cada cubículo por baixo da porta para ver se há pernas. Yes, todos estão ocupados.
Finalmente, um se abre e você se lança em sua direção quase puxando a pessoa que está saindo.
Você entra e percebe que o trinco não funciona (nunca funciona), mas não importa...
Você pendura a bolsa no gancho que há na porta e se não há gancho (quase nunca há gancho), você inspeciona a área.
O chão está cheio de líquidos não identificados e você não se atreve a deixar a bolsa ali, então você a pendura no pescoço e observa como ela balança sobre o seu pescoço, sem contar que você é quase decapitada pela alça porque a bolsa está cheia de bugigangas que você foi enfiando lá dentro, a maioria das quais você não usa, mas que você guarda porque nunca se sabe....
Mas, voltando à porta...
Como não tinha trinco, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto, com a outra, abaixa a calcinha com um puxão e se coloca "na posição".
Alívio... AAhhhhhh... Finalmente...
Aí é quando os teus músculos começam a tremer...
Porque você está suspensa no ar, com as pernas flexionadas e a calcinha cortando a circulação das pernas, o braço fazendo força contra a porta e uma bolsa de 5 kg pendurada no pescoço.
Você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o assento nem de cobrir o vaso com papel higiênico. No fundo, você acredita que nada vai acontecer, mas a voz de tua mãe ecoa na tua cabeça...
"JAMAIS SENTE EM UM BANHEIRO PÚBLICO!!!"
... E, assim, você mantém "a posição" com o tremor nas pernas.
E, por um erro de cálculo na distância, um jato finíssimo salpica na sua própria bunda e molha até suas meias!! Por sorte, não molha os sapatos.
Adotar "a posição" requer grande concentração.
Para tirar essa desgraça da cabeça, você procura o rolo de papel higiênico, maaassss, p*** que o pariuuuu...! O rolo está vazio...! (sempre!!!)
Então você pede aos céus para que, nos 5kg de bugigangas que você carrega na bolsa, haja pelo menos um miserável lenço de papel. Mas, para procurar na bolsa, você tem que soltar a porta. Você pensa por um
momento, mas não há opção...
E, assim que você solta a porta, alguém a empurra e você tem que freiá-la com um movimento rápido e brusco enquanto grita: "TÁ OCUPAAADOOOO!!!"
Você então começa a contar os segundos que faltam para você sair dali, suando, porque você está vestindo o casaco - já que não há gancho na porta ou cabide para pendurá-lo.
É incrível o calor que faz nestes lugares tão pequenos e nessa posição de força que parece que as coxas e panturrilhas vão explodir! Sem falar da porrada que você levou da porta, a dor na nuca pela alça da bolsa, o suor que corre da testa, as pernas salpicadas...
Você está exausta. Ao ficar de pé você não sente mais as pernas. Você acomoda a roupa rapidíssimo e tira a alça da bolsa por cima da cabeça!
Você, então, vai à pia lavar as mãos. Está tudo cheio de água, logo você não pode soltar a bolsa nem por um segundo. Você a pendura em um ombro e, não sabendo como funciona a torneira automática, você a toca até que consegue fazer sair um filete de água fresca e estende a mão em busca de sabão. Você se lava na posição de corcunda de notre dame para não deixar a bolsa escorregar para baixo do filete de água...
O secador de mãos você nem usa, é um traste inútil.
Aí,  você seca as mãos na roupa porque NEM PENSAR usar o último lenço de papel que sobrou na bolsa para isso.
Você então sai.
(Sorte se um pedaço de papel higiênico não tiver grudado no sapato e você sair arrastando-o, ou pior, a saia levantada, presa na meia-calça, que você teve que levantar à velocidade da luz, e te deixou com a bunda à mostra!)
Nesse momento, você vê o teu carinha que entrou e saiu do banheiro masculino e ainda teve tempo de sobra para ler um livro enquanto esperava por você.
"- Por que você demorou tanto?" - pergunta o idiota!!!!
Você se limita a responder:
"- A fila estava enorme..."
E esta é a razão porque as mulheres vão ao banheiro em grupo.
Por solidariedade, já que uma segura a tua bolsa e o casaco, a outra segura a porta e assim fica muito mais simples e rápido já que você só tem que se concentrar em manter "a posição" e a dignidade.

Meu muito obrigada, do fundo do coração, à todas as amigas que já me acompanharam ao banheiro! rs

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre ditados

Os ditados populares nada mais são do que expressões da mais pura realidade de experiência e vivência humana.
Sempre há algum que se enquadra em qualquer tipo de conversa.
Dentre os meus prediletos estão:
"O pior cego é aquele que não quer ver";
"Você é senhor das palavras que cala e escravo das que pronuncia";
"Quem não vive pra servir, não serve pra viver".

Hoje existem dois que não param de martelar na minha cachola:
"Quem muito desconfia tem culpa no cartório".
"Mentira tem perna curta".

Espero que amanhã o provérbio do dia seja:
"Tudo o tempo põe no esquecimento".




Aaaffffffffffff...

Vou ver "Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain" pela 74ª vez e me matar numa caixa de chocolate.

Gudibái, visse.



Pra quem nunca viu, segue um tiquinho do meu filme predileto.  Só pra dar vontade de ver. Ou não! rs


http://www.youtube.com/watch?v=ogMMGC9aDpA&feature=player_embedded

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sobre idéias!

Oláááá, enfermeira! hehehehe
(Só quem é gordinho mongol vai entender este cumprimento! hauhauahua)

Há dias não escrevo nada aqui, não é mesmo??
Acho que aquela melancolia toda já estava me enojando!
E como eu não conseguia escrever nada além de assuntos melancólicos e petições endereçadas ao "Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito...", pensei que talvez fosse melhor não escrever.
Que fique claro: não escrever aqui no blog. Minhas petições eu tive que continuar fazendo incessantemente! Simples assim... Ó, vida proletariada... rs
Enfiiiiiiiiiiiim!
Superadas minhas crises existenciais (mais ou meninhos, né? hehehe)...
Falarei sobre o um bilhão de idéias mirabolantes que explodem em minha mente, se batem, se chocam, se namoram... Essas minhas idéias são muito, muito loucas e... loucas!
Elas correm tão rápido que, antes que eu termine de digitar uma palavra, já não sei mais onde está aquela idéia danadinha que eu ia escrever! rs

Na verdade, verdade verdadeira mesmo, apesar de eu ter o um bilhão de idéias super legais, às vezes vejo algumas coisas e penso: "Poutz! Podia ser MINHA esta idéia!".

Portanto, está decidido. Hoje falarei sobre idéias mirabolantes, mããs... Idéias dos outros. E que eu queria muito, muito, muito que fossem MINHAAAS! rs

Por exemplo, esta torradeira:


"A torradeira do Darth Vader dá um novo sentido ao lado negro da Força. Com ela o café da manhã dos nerds vai ficar muito mais divertido, com pães ilustrados com o capacete do Mestre Sith.
Só tome cuidado para não queimar a torrada, porque o poder desta torradeira não pode ser subestimado!"

Genial!! Como não tive esta idéia??
Imagine só, destroçar o Darth Vader à dentadas?!
Gostei muito, muito, muito!
Inclusive, se alguém quiser me dar de presente de aniversário (que é dia 29 de novembro, para quem não sabe), ela está a venda no Star wars shop, por apenas U$ 54,99. Vou A-DO-RAR!


Quer ver outra idéia genial?



O Flowlab, este skate de 14 (sim, QUATORZE) rodinhas te dá a sensação de flutuar como se estivesse andando de snowboard, e tudo isso SEM snow! Uow! rs
A criatura que inventou essa jóia rara intergaláctica merece um beijo no cucuruto!


Bah...
Se eu colocar todas as criações que me dão "coisinhas" de tão legais que são, este post vai ficar enorme!
E eu me comprometi a não escrever mais posts enormes.
Portanto, camarada d´'água, estou finalizando.
Sim, finalizando! (Ufa, que bom, né?! rs)

Mas finalizando com muita classe!!!
Aqui seguem fotos GENIAIS, de uma idéia que...
Poutz! Como é que eu não tive esta idéia BRILHANTE??!! rs


Divirtam-se!!
(Pq eu tô cascando de rir até agora... kkkk)






















Gostooou, né??
Eu sabia que você ia gostar! hahaha
Isso é tudo! Até o próximo post!
Beijo, não me liga. rs

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre a vida...


QUANDO ME TORNEI INVISÍVEL


Já não sei em que data estamos.
Lá em casa não há calendários e na minha memória as datas estão todas misturadas...
Me recordo daquelas folhinhas grandes, uns primores, ilustradas com imagens dos santos que colocávamos no lado da penteadeira!
Já não há nada disso.
Todas as coisas antigas foram desaparecendo e, sem que ninguém desse conta, eu fui me apagando também...

Primeiro me trocaram de quarto, pois a família cresceu.
Depois me passaram para outro menor, ainda com a companhia de minhas bisnetas.
Agora ocupo um desvão, que está no pátio de trás.
Prometeram trocar o vidro quebrado da janela, porém se esqueceram, e todas as noites por ali circula um ar gelado que aumenta minhas dores reumáticas.

Mas tudo bem...

Há muito tempo tinha intenção de escrever, porém passava semanas procurando um lápis... E quando o encontrava, eu mesma voltava a esquecer onde o tinha posto.
Na minha idade as coisas se perdem facilmente.
Claro, não é uma enfermidade delas, das coisas, porque estou segura de tê-las... Porém sempre desaparecem!

Noutra tarde dei-me conta que minha voz também tinha desaparecido.
Quando eu falo com meus netos ou com meus filhos, não me respondem.
Todos falam sem me olhar, como se eu não estivesse com eles, escutando atenta o que dizem.
As vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer não ocorrera a nenhum deles e de que lhes vai ser de grande utilidade.
Porém não me ouvem, não me olham, não me respondem.
Então, cheia de tristeza, me retiro para meu quarto e vou beber minha xícara de café.
E faço assim, de propósito, para que compreendam que estou aborrecida, para que se dêem conta que me entristecem e venham buscar-me e me peçam perdão…
Porém ninguém vem....

Quando meu genro ficou doente, pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil, lhe levei um chá especial que eu mesma preparei.
Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse, só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento me indicou que se dera conta da minha presença.
O chá pouco a pouco foi esfriando… E junto com ele, meu coração...

Então noutro dia lhes disse que quando eu morresse todos iriam se arrepender.
Meu neto menor disse: “Ainda estás viva vovó?"
Eles acharam tanta graça, que não pararam de rir.
Três días estive chorando no meu quarto, até que numa manhã entrou um dos rapazes para retirar umas rodas velhas e nem o bom dia me deu.

Foi então quando me convencí de que sou invisível...
Parei no meio da sala para ver se me tornando um estorvo me olhavam.
Porém minha filha seguiu varrendo sem me tocar, os meninos correram em minha volta, de um lado para o outro, sem tropeçar em mim.

Um dia se agitaram os meninos, e vieram me dizer que no dia seguinte nós iríamos todos passar um dia no campo.
Fiquei muito contente! Fazia tanto tempo que não saía e mais ainda ia ao campo!

No sábado fui a primeira a levantar-me.
Quis arrumar as coisas com calma.
Nós, os velhos, tardamos muito em fazer qualquer coisa, assim que adiantei meu tempo para não atrasá-los.
Rápido entravam e saíam da casa correndo e levavam as bolsas e brinquedos para o carro.
Eu já estava pronta e muito alegre, permaneci no saguão a esperá-los.
Quando me dei conta eles já tinham partido e o auto desapareceu envolto em algazarra,compreendí que eu não estava convidada, talvez porque não coubesse no carro...
...Ou porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais caminhassem a seu gosto pelo bosque.

Senti claro como meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar...

Eu os entendo... Eles vivem o mundo deles.
Ríem, gritam, sonham, choram, se abraçam, se beijam.
E eu, já nem sinto mais o gosto de um beijo!

Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme tê-los em meus braços, como se fossem meus.
Sentía sua pele tenrinha e sua respiração doce bem perto de mim.
A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade de cantar canções que nunca acreditara me lembrar.
Porém, um dia minha neta Laura, que acabava de ter um bebê, disse que não era bom que os anciãos beijassem aos bebês, por questões de saúde...

Desde então já não me aproximo deles, não quero lhes passar algo mal por minhas imprudências.
Tenho tanto medo de contagiá-los!

Eu os bendigo a todos e lhes perdôo, porque...

“Que culpa tem os pobres de que eu tenha me tornado i n v i s í v e l ?”


Texto Original- "El dia que me volvi invisible"
Silvia Castillejon Peral, Cidade do México-2002

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sobre memórias

Certas memórias parecem sempre atuais.
Parece que vivemos "ontem".  Ou "indagorinha". rs

Carlos Drummond de Andrade sempre tocou meu coração e embalou meus amores, percorrendo pelo início, o meio e também o, sempre triste, fim.
Ele acompanhou todos os ciclos que já vivi, e tenho certeza de que acompanhará os que ainda viverei, até chegar o dia em que virá um amor que não terá mais fim. (Sim, eu ainda acredito no amor. rs)

Ontem, revivendo memórias dos amores da minha vida, lembrei-me deste e-mail transcrito abaixo...

Se há uma receita, ei-la aqui!

Serviu pra mim. Aliás, ainda serve (todo dia!)...
Tenho certeza de que servirá pra você também.

Por fim, eu declaro:
Adeus, passado!
Adeus pó, poeira e lamento!
E que venham as alegrias!
Porque hoje eu acordei com muita vontade de ser feliz! :)


------------------------------------------
De: xxxxxxx (hehehehe)
Data: 28 de fevereiro de 2010 22:05
Assunto: A carta!
Para: Kelly Tavares

Escrevo este e-mail, querida Kelly, pois, anteriormente, uma carta você também escreveu. Hoje, encontrei-a, deliciei-me e fiquei melancólico, porém o sentimento predominante é satisfação da surpresa. Então decidi que devo lhe agradecer pelo carinho, ao menos com uma resposta, apesar de você merecer muito mais.
Ofereço-lhe, portanto, um poema de Drummond, já que na citada carta, citou-o a contra-golpe.

Veja o que ele também diz sobre o amor:
 
Para Viver um Grande Amor
(Carlos Drummond de Andrade)


"É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar,
Lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
De gostos, de gestos, de pele...
No modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
Dando uma chance para que o amor te encontre
Na suavidade morna de uma noite calma...
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho
Que se acalenta no desejo de: amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir...
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
A sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão,
Que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio... e o passo mais acertado
De todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for...
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama TEMPO... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre presentes




Hoje eu ganhei um balde.
Um balde de cuspe, direto na minha cara.


Se alguém quiser me dar algum outro presente, sugiro um lenço...


(Até porque... Cuspe?? Eu já tenho aos baldes...)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre o desânimo...

Uma coisa estranha me toma conta.
Percorre pelos meus braços e pulsa bem ali, na ponta dos dedos.
Arrepia de tanto cansaço.
Pesa sobre as pálpebras, que piscam com maior frequência e sob os pés, que sentem dificuldade em levantar.
Carrega as idéias e ideais em balões de pensamento, que voam pra bem, bem longe daqui...
Não quero ser.
Não quero estar.
Nem continuar, andar, parecer, permanecer.
Não quero ficar.
Não quero verbos de ligação.
Aliás, não quero verbo nenhum.
Não quero nada. Nem querer eu quero.
É um vazio que toma conta... Mas de tanto vazio, enche.
E fico assim, cheia de vazio.
Tão cheia, mas tão cheia que parece até que vou explodir...
Sono, chateação e uma lágrima que tive que engolir goela abaixo e agora está aqui, entalando quase um rio de gritos mudos.



"- Desisto de ti!" - disse o despertador.   

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sobre "pinguçar"

A gota d'água pinga da pia
pinga, pinga,
"pinguçando" sem parar.
A gota ginga no chão
vai dançando numa poça deslizante,
numa roda de gingado,
roda de capoeira aquática.
Dançando num nado sincronizado
cheio de água, lodo e poeira espacial.
Dança, maluco,
Dança sobre a poça d'água embaixo do cano da pia.
Cano rachado.
Rachado igual sua conta corrente.
Rachado igual seu dente da frente.
Rachado igual sua aorta entupida.
Dança, mané,
Dança com gosto!
Mas tome cuidado pra não escorregar...
Lembra? O doutor disse que, se cortar, não cicatriza...
É o Diabetes Mellitus...
Melindres...
Medos...
(E você ainda não jogou aquele pote de açúcar no lixo?!)
Ping, ping...
Mais duas gotas acabaram de pingar.
Uma do olho esquerdo.
Outra do cano da pia.
Pinga, pinga...
- Mais uma dose, por favor.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sobre o esquecimento...

As flores Miosótis também são conhecidas como “não se esqueça de mim” ou ”não me esqueças” em várias línguas, "non-ti-scordar-di-me" na Itália, "forget-me-not" na língua inglesa, etc.
São várias as histórias e lendas que explicam o seu nome.
Conta uma antiga lenda alemã, que o nome está relacionado com a última frase de um cavaleiro que, tentando alcançar uma flor para oferecer à sua companheira, por conta do peso da armadura caiu num rio e afogou-se. Desde então a miosótis floresce nas margens dos rios para que ninguém mais morra por sua causa e passou a ser chamada a flor do “não-me-esqueças”.
Numa outra lenda, conta-se que o nome teria sido atribuído por Adão, ainda no Éden que, ao dar o nome às flores do jardim, esqueceu-se desta, e mais tarde, ao constatar que essa planta havia sido esquecida, deu-lhe então o nome de Miosótis, como forma de compensação pelo seu esquecimento.
Uma terceira lenda, cristã e popular, conta que as flores dessa planta teriam ficado da cor azul quando a Virgem Maria lhes derramou lágrimas por cima.
E há ainda um folclore que costuma atribuir diversos poderes mágicos ao Miosótis, tratando-o, por exemplo, como chave mágica para tesouros enfeitiçados.



Desde pequenininha, sempre me encantei por esta pequena flor, com suas formas perfeitas e sua cor única...
Quando eu era criança acreditava que se desse miosótis a alguém, este alguém, de fato, nunca me esqueceria.
Mas eu também acreditava em tesouros enfeitiçados, flores falantes e cavaleiros apaixonados... (Sempre iludida... rs)

Bem...
Cresci e descobri que nada disso existe.
Não há tesouros, nem flores falantes, nem cavaleiros - ainda mais apaixonados.
Cresci e descobri que as pessoas, simplesmente, esquecem, por mais que ganhem mil ramos de miosótis.

O que existe, e existe aos baldes, é um monte de mentira enlatada, que as pessoas engolem todo dia como se fosse manjar, e ainda lambem os beiços.
Eis a verdadeira ração humana: vômito social processado e moído. Misture com leite e tenha uma bela diarréia intelectual.
Disponível, gratuitamente, em qualquer novela global ou reality shows.
Aproveite!

Tá bom...
Tô revoltada mesmo. rs
Mas quem se importa?
Saia deste blog e volte a ver sua TV.
Logo, logo, você vai se esquecer de tudo isso que leu aqui...
E de mim também...


Ah!
A propósito...
Tá vendo este ramo de Miosótis aqui?

[vergonha] Bem... [/vergonha]



É pra você.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sobremanhã

Sobremanhã
[De sobr(e)- + manhã.]
Substantivo feminino.
1.O fim da manhã; o começo do dia.
Advérbio.
2.Ao raiar o dia; ao amanhecer:




 
A noite fria, fria, fria
adentra o meu descobertor de idéias
e faz-me   f  e  r  v  i  l  h  a  r.
E a luz do dia, dia a dia*
fomenta angústias em meu coração:
Vira-me do avesso,
leva-me ao princípio,
e revela o final que eu não quero para mim.
Arrepio. Sinto. Calo.
Calafrio. Minto. Khalo.
É hora de mudanças...





As Duas Fridas - Frida Khalo (1939)
"Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade."
(Frida Khalo)





, disse Dali.





* De acordo com a nova regra ortográfica, sem hífenes (ou hifens, como preferir!)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre conceituar o que não se conceitua: desilusão

Conceitos, conceitos, conceitos.
Certas coisas não se conceituam, como, por exemplo, a desilusão.
Porém, fui desafiada a explicar em palavras este sentimento MALA (Gutural: Saaai!) que apoquenta, aperreia, aflige, aborrece e consome corações alheios.
E como não sou MULHERZINHA, vim honrar o desafio que me coube.
Liguei o "João" e vim escrever.
Agora chupa essa manga. há!

Para alguém estar desiludido, por óbvio que este ente deve ter, primeiramente, se iludido.
E o que é a ilusão?
Vejamos o que diz o Aurélio:

Ilusão
[Do lat. illusione.]
Substantivo feminino.
1. Engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação; falsa aparência: ilusão de óptica; ilusão auditiva;
2. Sonho, devaneio, quimera.
3. Coisa efêmera, passageira.
4. Logro, burla, engano.
5. Psiq. Psic. Percepção deformada de objeto.

Logo, podemos concluir que a ilusão é um “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”
Ela depende única e exclusivamente da pessoa que está se iludindo, isto é, o “manézão”, que se ilude SOZINHO!
Quando estamos iludidos, estamos ENGANADOS.
Sim, eu disse enganados!
É um erro! Um equívoco! É falso! É sonho! Devaneio!
Definitivamente, NÃO EXISTE!
Tudo depende da percepção da realidade que a criatura tem.
E percepção da realidade, tem gente que, simplesmente, não tem.
Tecidas estas considerações, vamos ao conceito de desilusão.
E, aparentemente, qual é a primeira diferença que se nota entre a ilusão e a desilusão?
Exatamente! O prefixo "des".
Vamos, então, entender este prefixo, e quem vai nos ajudar é o CARDOSO.
Manda aí, Cardoso!

"O prefixo des- indica separação, transformação, intensidade, ação contrária, negação, privação.
Segundo o Aurélio, “assume, às vezes, caráter reforçativo: desafastar, desaliviar, desapagar,desbarrancado, desborcar, desencabritar, desinfeliz, desinquietar, desinquieto, desinsofrido,desnudez, despelar; e, em um caso (pelo menos), reiterativo: deslavrar”.
Segundo Martins (1997, p. 121), “é com certeza o prefixo mais produtivo, mais popular, e desde as cantigas de escárnio já revelava a sua vitalidade”.
Na obra poética drummondiana esse prefixo aparece inúmeras vezes em formações dicionarizadas como: desamado, desamar, desamor, destramar, desaprender, desenfado, desesperança, desimportante, entre outros."

Menino danado esse Cardoso! Obrigada, viu?!

Pois bem, “des-iludido”, então, é quem se divorciou da ilusão.
Aquele que nega o sonho.
Que compreendeu que estava enganado.
Que não quer mais viver o erro.
Que não acredita mais no devaneio.
Que desvendou o que era falso.

Conclusão: desilusão é o DESENGANO (também conhecido como decepção...)

Desiludida (e, portanto, sempre iludida) por natureza, já me peguei, várias vezes, presa nas teias desse “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”
Principalmente quando falamos de fotos meramente ilustrativas, taí uma ilusão delivery-heartbreaker-tupiniquim-hard-feelings-self-service!
Quem nunca salivou diante de fotos meramente ilustrativas de taças de sorvete homéricas, e se desiludiu ao ver ser servida (com a maior cara de pau) uma reles tacinha, com um sorvetinho mixuruco te encarando(!) com cara de desdém?
É praticamente o apocalipse visual-gastronômico!

Mas o campeão master-of-the-universe de todas as desilusões de toda a história da humanidade de pessoas que têm (e também das que dizem que não têm, mas no fundo têm sim) coração, é ela!
A imbatível!
A invencível!
A cruel!
A avassaladora!
A destruidora!
É a...

(Que rufem os tambores!)

DESILUSÃO AMOROSA!

(Uma salva de palmas pra ela! Ôe! rs)

Ã-ãn. Não faça essa carinha de "não é comigo"! rs
Eu SEI que você já passou por isso.
Mas não foi só você não, geral já passou! A galera toda mesmo!
É pobre, rico, baixo, alto, magro, gordo, feio, bonito, legal, chato. Todo mundo!

Tentaram explicar este fenômeno, mas pra mim nem colou muito...
Então vou deixar que cada um tire suas próprias conclusões sobre esta relação “desilusão x amor”:

“O amor é filho da ilusão e pai da desilusão.” (Miguel Unamuno)

“No amor todos os caminhos acabam de forma igual - desilusão.” (Oscar Wilde)

“E que é amar? A estranha dor de estilhaçar a alma em carinho... É colher ao acaso alguma flor para despetala-la no caminho. E que resta depois de tantos ais? A saudade? Talvez... Ó alma enganada de ti e da flor não resta quase nada: um punhado de pétalas na estrada, um perfume nos dedos... - Nada mais.” (Menotti Del Picchia)

Essa tal de desilusão do amor é a responsável pelo desenvolvimento de várias síndromes e transtornos psiquiátricos, além de ser a ensejadora de altos índices de suicídios e assassinatos.
Na melhor das hipóteses, ela é fonte apenas de lagriminhas que brotam no escuro de um quarto com porta trancada.
(Ou ainda de uma dor no peito digna de Jogos Mortais.)
(Ou criadora de uma crosta impenetrável que lacra os corações impedindo-os de sentir qualquer coisa.)
(É, talvez estas não sejam as melhores hipóteses...)
(Adoro escrever entre parêntesis! Parece que estou solidificando meus pensamentos e, apesar de estar escrevendo como texto, aqui, entre os parêntesis, é expresso como pensamento mesmo. Flutua no discurso... Uoôw! rs)
(Legal isso, né? rs)

Mas independente do que ela faz a você, o importante mesmo é que passa, camarada.
Acredite: passa mesmo.
Quando você menos esperar já estará iludido novamente! :)

E é assim que acontece:
Primeiro a ilusão.
Depois a desilusão.
Um consolo amigo...
E você já estará pronto pra outra!

Para todos os desiludidos (Com o amor frustrado, com o trabalho desgastante, com a família desunida, com a amizade meia boca, com o chá emagrecedor que não funciona, com o professor que não ensina como você merece, com a taça de sorvete FAJUTA...), segue um consolo amigo.
Vai deixar seu coração quentinho, prontinho para receber o próximo “taréco-louco-pra-chuchu-puta-que-pariu-ô-ô-ô-ô-ô-my-brother!”

O consolo não é meu, mas daquele nosso amigo testudo, tchutchuquinho, aquele poço de inteligência personificada, o “Ca-Dru” dos nossos corações, mano véio de guerra.

Mas, ó, se precisar de um abraço também, apareça em casa, viu?!
Sempre tenho reticências, piadas novas e bombons (comprados, hihihi) a pronta entrega. Nem precisa encomendar! rs

Consolo Na Praia
Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sobre-humano

Entre tanta covardia deste mundo (mundão covarde, mundão medroso...)
Covardia dos homens, que não têm coragem nem pra colocar o nariz pra fora das janelas da razão...
Covardia destas nuvens cinzas que insistem em esconder a bola de ouro que ilumina o céu...
Covardia de todos aqueles que calam quando na verdade queriam gritar...
Covardia dos que já apanharam e se trancam em casa por medo de apanhar de novo...
Toda a covardia que consome os que já caíram do muro, e agora não tiram os pés do chão...
Os que já caíram da árvore, e agora não tiram os pés do chão...
Que caíram do precipício de um amor, e agora não tiram seus pés do chão...

Me enchi.
Enchi, enchi... Enchi tanto!
E quando achei que iria explodir, me enchi de coragem e resolvi!

Resolvi abrir as portas da razão e sair correndo pela rua. Sem cordas, sem roupas, sem lenço nem documento... Sem rumo...
Corri, corri... Corri tanto!
E o vento me abraçou como um pai abraça sua filhinha...
Bagunçou meus cabelos...
Secou minha língua...
Me empurrou, me carregou...
Dançou comigo uma valsa linda...

Resolvi assoprar com todas minhas forças pra fazer as nuvens cinzas se dissiparem...
Assoprei, assoprei... Assoprei tanto!
E assim fiz até as minhas bochechas ficarem roxas...
E então o sol me sorriu, aquecendo minhas idéias mais secretas que andavam congeladas...
Refletindo em minha pele branca...
Realçando os fios de fogo que brotam na minha cabeça grande...

Resolvi gritar tudo aquilo que estava entalado na garganta.
Tantas coisas aprisionadas pela escravidão do medo...
Gritei, gritei... Gritei tanto!
Que fiquei até com dor de garganta!
Aí tomei tereré trincando de tão gelado, tomei sorvete de cupuaçu e fiquei tocando violão no sereno, sentada na grama úmida da madrugada.
E a dor de garganta passou! rs

Resolvi dar minha cara a tapa.
Assim, à vontade, pra quem tivesse CORAGEM de conhecer as consequências.
De fato... Apanhei.
Apanhei, apanhei... Apanhei tanto!
Mas aprendi a bater de volta.
Aprendi a levantar de volta.
Aprendi a apanhar de volta...
E aprendi que é assim que fico mais forte.

Resolvi subir no muro mais alto pra ver o que tinha do outro lado.
Subi, subi... Subi tanto!
Que muro alto, achei que nunca chegaria ao topo!
Que fantástico!
Nossa, nunca tinha visto coisa parecida!
Mas não posso contar o que tinha do outro lado...
Saber isso é mérito apenas dos que já subiram lá. rs

Resolvi escalar a árvore mágica cujos frutos não caem.
Só come daqueles frutos quem sobe para apanhá-los!
Escalei, escalei... Escalei tanto!
Toda ralada, esfolada e cansada, me maravilhei com suas cores vivas, me lambuzei com seu doce, seu sumo...
Tentei trazer alguns frutos, mas quando pisei no chão eles sumiram!
É a regra da magia...

Resolvi, por fim, me jogar do precipício de um amor.
Me joguei e caí...
Caí, caí... Caí tanto!
E quando em plena quedra livre eu via o chão se aproximar, fiz uma descoberta in-crí-vel:



Descobri que...





P    O    S    S    O             V    O    A    R  !



(Será um sonho?)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sobrevoar

Ele é citado direta e indiretamente em diversos poemas, frases, músicas, pinturas, rodinhas de prosa, brincadeiras pueris...
É a imagem móvel da eternidade imóvel, para Platão.
Ele passa e o homem não percebe, segundo Dante Alighieri.
É mano velho, segundo Fernanda Takai.
É o seu melhor amigo, segundo Carlos Drummond de Andrade.
É eterno para os que amam, segundo Shakespeare.
São compassos desafiadores, para Mike Portnoy.
É mole e derretido, numa visão de Dali.
Não para, disse Cazuza.
Ele não cura tudo. Aliás, não cura nada, apenas tira o incurável do centro das atenções, segundo Martha Medeiros.
Nas asas dele, a tristeza voa, segundo La Fontaine.
Quem o mata não é assassino e sim um suicida, para Millôr Fernandes.

Este danando é justamente o que estou perdendo (ou ganhando?) agora.
Ele está passando... (Ou será que está ficando?)
Corro contra ele, preciso dele.
Conto, reconto, calculo.
Sofro, esqueço...
Ele acalenta minhas dores, remexe meus anseios, muda minhas idéias, minhas metas, alimenta minhas dúvidas, aumenta minhas dívidas...
Perfura e cicatriza.
Me faz amar.
Me faz enjoar.
Me faz enojar.
Me injeta saudades.
Me faz amar de novo.

Este danado é o tempo.

Há 24 anos convidei-o para um duelo mortal, e sabe o que ele me disse?

- Filha minha, escute esta graça:
Nesta vida passageira, tudo, mas tudo mesmo passa.
A febre, a lebre, o lamento e o juramento.
Com força e leveza, passa o sopro do vento.
Passa a uva, passa o ferro...
Passa até aquela pedra... Aquela, que tinha no meio do caminho!
Por fim, "eles passarão. Eu passarinho!"

Desde então, sinto-me transitória.
De fato, estou Kelly, e isso também passa...



(rinho...)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sobre nomes

Ontem ganhei um novo apelido: Kellícera.
Resolvi então fazer um apanhado histórico e cronológico dos meus mil apelidos, especialmente para os desocupados de plantão:

1985

Kellynha
Esse é o mais comum e geralmente vem seguido de um cafunézinho no cucuruto ou um sorriso com os olhos apertadinhos.
Assim: ^^
Escuto desde quando eu me lembro de ter escutado alguma coisa.
Quem me chama assim: parentes em geral, professores, colegas da escola, da dança, da faculdade, dos cursos, do serviço, clientes, amigos, inimigos...

Kellyzinha
Quem me chama assim é minha prima Patrícia, a “Patizinha”.
Só ela.
Desde sempre. E para sempre. Iêê!

Neguinha
Criado pelo meu pai, seu Pedrinho, homem atlético, sarrista de 1ª categoria!
Em explícita “puta falta de sacanagem” com o meu tom de pele. Rs
É dito com entonação pernambucana. Coisinha mais linda do mundo!

1992

Kellynguiça e Kellyxo
1992, 1ª série.
Meninos odeiam meninas e vice-versa.
Numa batalha corporal, com direito a chutes na canela e cuecão, travou-se o seguinte diálogo:
"- Seu cabeçudo! Olha o tamanho dessa cabeça! Como é que seu pescoço agüenta, hein??
(puxão de cabelo)
- Lixo, lixo, lixo. Kellyxo!
(beliscão)
- Aii.. Kellynguiça, paraaaaa!!
- Kellynguiça????
(mordida)
- Gilbran e Kelly: os dois pra coordenação JÁ!"
Fui Kellynguiça e Kellyxo até entrar na adolescência.
Quando os meninos passaram a entender a dinâmica da conquista, meu apelido mudou drasticamente... rs

1995

Kellbi
Quem me chama assim é a Bibi. Ela inventou este apelido por volta de 1995... E perdura até hoje.
Quem é Bibi?
É a Anna Silvia! Minha amiga desde os 4 aninhos de idade! Ównnn...
E agora, o que tem a ver Bibi com Anna Silvia???
Vou explicar:
Estávamos começando a estudar espanhol, e a pronúncia do nome dela ficava “Anna SilBia”.
De SilBia, virou SilBi.
De SilBi, Bibi.
E eu, que andava com a Bibi, virei Kellbi, com sua variante Cauby – sim, o Peixoto. hahaha

K "estrela" (desenhadinha, traço a traço)
Era assim que eu assinava todos os cadernos, agendas, cartas, desde meados de 1995.
A estrela substituía um “A”.
“A” de Alone. (tá, pode se matar agora...)
Ainda bem que minha adolescência já passou, pois se fosse hoje, seguramente eu seria uma eminha! O Deus Metal me salvou! kkkk

1996

PhoK"estrela"
Assim, ridículo mesmo.
Foca com “PH”, “K”, e no lugar do “A” a minha conhecida estrelinha...
Quem me deu este apelido foi minha mãe, numa tentativa de tirar um tique também RIDÍCULO que eu tinha de falar “ããn” no final de cada frase.
Cada frase mesmo. Mais ou menos assim:
“Vamos comer donuts? ããn”
“Eu vou na casa da Ana Paula. Ããn.”
Aí minha mãe bolou a tática de me boicotar ao telefone – pq nessa idade eu pendurava no telefone de acordo. Quando tocava o telefone e era pra mim, ela soltava um sonoro e longo: “Fooooooooooooooooooooooooooooocaaaaaaaaaaaa, telefone pra você!”
Em dois dias a sala inteira me chamava de Foca.
E eu...
GOSTEI. Aff...
Ainda bem que o tique e esse apelido ridículo passaram logo. Isso foi em 1996/1997...

1997

Kellynda
Enfim, os meninos entenderam que não conseguiriam viver sem as meninas! Com exceção do Pedro Espíndola, que já demonstrava uma queda pelas meninas desde a 2ª série.
Na 8ª série, mais ou menos, passei de Kellynguiça pra Kellynda. Ainda bem! rs
Hoje muita gente me chama de Kellynda.
Eu acho uma fofura!

1999


Pinkemon
1999 - Época de longas madrugadas teclando no MIRC... OP de vários canais...
De repente, criaram o MSN!
Naquele tempo tudo meu era rosa e eu era menor do que sou hoje.
Um verdadeiro pokémon rosa!
Migrando para o MSN, por idéia da minha turminha dos “gordinhos mongóis unidos pelo RPG”, virei Pinkémon!
Não satisfeitos com meu apelido tosco elevado à décima potência, todos ganharam novos apelidos!
Quanta criatividade... ¬¬
“Vatomon” (Gustavo Berg, o antigo “Vato”)
“Godomon” (Rodolfo Uso Delduca, o antigo “Godo”)
“Nenêmon” (Bruna Moura, a antiga “Bru”)
Um bando de “mon” mesmo!
MONgolóides! hahahaha

2000

Kellái
Coisas de Rodolfo, o Godofredo, Godo, Godomon.
Não é nada mais do que uma pronúncia diferente para o meu ‘ipisilone’. Dã. kkkk

2002

Asinha
Em 2002 Deus me apresentou um anjo que, assim como eu, tinha uma asa só.
Um abraço bastou para que descobríssemos que assim, abraçados, sempre conseguiríamos voar.
Desde então não largamos aquele abraço. E sei que com a ajuda da asa dele, podemos ir juntos pra qualquer lugar.
Ele é o Wildener Albuquerque de Lima, o Wil.
Meu amigo. Minha asinha...
Ele mudou pra Cuiabá ano passado...
Asinha: tô com saudades! :’(

2003

Kellyda
Kelly+querida
Quem inventou este apelido foi uma das pessoas mais incríveis que já passaram pelo meu caminho, o Marco Aurélio, conhecido como “Leco”.
Para mim ele é o ‘Marcoração”.
Também não sei desde quando ele me chama assim, mas conheço o Marcoração desde 2003.

2004

Ké-Kelly
Heranças do meu irmão Pedro, que era chamado de Pê-pedro. kkkk
Quem mais me chama assim, hoje, é o Bruno Pizza. :)

Balão
Ele disse que eu era um balão de gás.
Eu não sentia cheiro mesmo... Judiava sem dó!
Hoje em dia não faço mais isso com as pessoas, viu, Marcel?! hahaha

Amigala
A Gábi, minha amigala queridala que morala dentrolo do meu peitolo que inventoulo estele apelidolo lindolo que eulo adorolo muitolo! hauahauhau
O Paraibala também me chamala destele jeitolo!
Jóiala rarala! rs

2005


Kellander
Segundo o Fernando Salles, meu amigão Nando, eu sou uma guerreira imortal.
Kelly+Highlander = Kellander.
Não sei quando foi que ganhei este apelido... mas sei que conheço o Nando desde 2005.
Agora o Nando inventou de me chamar de Kebulani, em referência explícita à Jabulani.
(Acho que preciso começar um regime com urgência! kkkkk)

Gafanhota Rosa
Edson Fanaia de Medeiros, o Bode, descobriu meus “superpoderesultrasecretos”.
E criou este codinome secreto pra eu usar quando fosse salvar amigas depressivas, sobrinhos com o joelho ralado ou festinhas desanimadas.
"A incrível gafanhota rosa"! rs

2006

Kellyrri
Sandrinha criou, Sandrinha não sabe o motivo.
Perguntei pra ela e ela não soube explicar.
Como diria Chicó, "só sei que foi assim"!

2007

BranKelly
Este apelido foi invenção do Rodrigo, cujo apelido é Bean. Sim, o nariz dele é grande como o do Mr. Bean.
Mas acho que o apelido dele deveria ser “Bin” de Bin Laden, por conta da cara de terrorista que ele tem. Hahaha
Ele criou este apelido em 2007.
“Você é tão branquela, que nem branquela você é. Você é BranKelly!”
Este garoto é um encanto!
Além de ser interessantíssimo pessoalmente, pelo meio virtual posso dizer o quanto é prazeroso conversar com uma pessoa que pontua tão bem as frases, escolhe palavras com exatidão e até certa surpresa gramatical.
Saudades de quando eu tinha tempo pra conversar no MSN! rs
Saudades do Bean também!
O BranKelly teve sua variante “Brankelly de neve” quando me fantasiei de Branca de Neve numa festa, observação feita pela Clarissa Banducci Rahe.
Hoje quem me chama assim todos os dias é a Ana que trabalha comigo.
“- Brankelly de neve, telefone pra você”. rs

AmooRRRR
Depois de dormirmos em 5 pessoas na mesma “cama” (chão) em Bonito e eu ter acordadado abraçadinha com a Dayane (a Day!) dois dias seguidos, ela virou o meu amoooRRRR. E eu, o amooooRRRR dela! rs

Kellão
Minha mãe não gosta deste apelido.
Eu também não entendo... Sou tão delicadinha... kkkk
Quem me chama assim: Dayane (AmooooRRR), Jeanny (Ex-magrela), Letícia (Neguinha), Ronaldo (Rô) e Tio Paulinho (sogrinho, pai do AmoooRRRR). kkkk

Pitiléia
DJ Rodrigo Vieira estava lá... pensativo...Não queria repetir os apelidos que eu já tinha.
Ouviu, então, uma história de uma vez que meu pai chamou o paletó de pitiló, mas fazendo piadinha de duplo sentido com referência ao órgão sexual masculino... que virou pitiló.
Pitiló pra cá, Pitiló pra lá...
Não sei o que passou pela cabeça dele. Só sei que eu virei Pitiléia. rs

Não lembro quem colocou, como surgiu, nem vou enumerar quantas pessoas me chamam por estes nomes pq eu nem sei dizer! Só sei que surgiram em 2007.
Kellypso (sim, de Calipso mesmo... rs)
PiriKelly (você entendeu...)
Kréully (pra você ver como as pessoas são criativas... tsc, tsc...)

2008

Amica
"- Oi, Tuto pom?
- Comigo tá tutu pem."
A minha amica Bianca Vieira Knorst que me chama assim. hihihihi
Um pêixo, amica! hihihi

Vaca de Coco
Fui promovida.
Até então eu era “Doce de coco.”
Mirabolei uma surpresa daquelas de fazer o coração saltar pela boca, especialmente pra Fernanda Saturnino Cardoso.
Na hora da surpresa ela gritou, de tanto susto:
“-Você é uma vaca!”
E logo corrigiu, me dando um baita abraço:
“- Uma vaca de coco!”
hauahuahau

2009

Jaca
"- Pq 'Jaca', Rafa?
- Pq ta rachando de gostosa!"
Mente criativa de Rafael Scaini, em meados de 2009. kkkk

22k
Em português parece não fazer sentido.
Leia em inglês: Two-two-k.
Sim, sim, é tchutchuca mesmo.
O Bode, definitivamente, não tem o que fazer! rs

Kells
“- ALoww, Kéwllynha! Adevenha quem estar falandow?!”
Esse apelido “kells” foi criado e é usado exclusivamente pelo Nigeriano mais querido do mundo: O Olwafemi, conhecido como Femi!

Peruca de Fogo
Rolou um movimento Drag Queen + Princesa Sara (do cavalo de fogo!) e saiu!
A Maritê, chaveirinho mais lindinho da galáxia, que inventou. Ównn!

Netinha
O Sindicato dos pós adolescentes e jovens idosos tem como membro honorário o André Queiroz, mais conhecido como “Vô”.
E eu sou sua neta predileta!

Fia
A Rosy é fera!
Ela é atitude, ação pura!
A menina abraça as causas e faz o negócio acontecer.
Realmente uma mãe, cuida de tudo (tudo é qualquer coisa mesmo) com muito amor.
Ela é a mãe. E eu sou a “fia”, que bagunça tudo! kkkk

2010

Gata-Gótica-Deusa-Mitológica-do-Metal
Miau. Rs
Isso é coisa da Biazinha Garutti.

Bisnaguenta e Kellota (véia)
O dotô Bisnaga, Bisnagão, Gordão, seu GuRRRdura véia, o Fernando Ribeiro, acha que eu sou tiete dele. E tiete de bisnaga é bisnaguenta! rs
Não satisfeito, ainda me acha com cara de bolota. E Kelly+bolota vira Kellota.
Assumi: virei Bisnaguenta e Kellota. Amiga veia. rs

Garota Infortúnio
Quem me deu este apelidinho foi o Carlos Prado, em virtude da constante repetição do termo "infortúnio" em nossos diálogos intermináveis.
Dei o troco!
Para mim, ele é o Garoto Lástima. rs

Lady Fanha
Não posso nem ficar gripada mais que Jeanny Santa Rosa Monteiro de Oliveira já me manda um apelido novo!
“Má bo-bo-bôguer veize...”

Kellícera – 13/07/2010
Thiago criou, Thiago explica:
“- De onde vem esse nome, Mininu?
- Bom... Na verdade vem de quelicera. É um apêndice de artrópodes. Na verdade eles ficam perto da boca e só os artrópodes mais vorazes tem esse membro, muitas das vezes para inocular veneno ou ajudar na mastigaçãoo/dilaceração.” (Thiago Bambil)
Sim, além de ser querido ele também é biólogo. hahaha

Perdidos no tempo e no espaço
Kelly Cristina, Kelly Maria e Kelly Key
Não sei quem inventou, nem quando. Sei que todo dia tem alguém que chama por um desses nomes.

Maninha
Além dos meus irmãos consangüíneos, mais duas pessoas me chamam assim: o maninho Lucas Abdala e a maninha Fernanda Saturnino Cardoso.
São irmãos postiços que a vida me presenteou!

Prima
Além dos meus primos consangüíneos, ganhei 4 primos de brinde:
O Matheus Salmazo, meu primo do mirc;
O Fredinho, primo primo por causa do Rafael Falleiros;
O José Eduardo, que eu herdei do Bode;
E por fim o Rodrigo, que eu herdei do Renato.

Ruiva
Por motivos óbvios. Rs
Sempre é proferido com entonação exclamativa!
Quem me chama assim são o Padre João Neto e a Carol Inocêncio.

Se alguém lembrar de mais algum, manda aí!
Com exceção daqueles que mandariam minha conduta ilibada pras cucuias, hein?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sobrevindo

"sobrevindo
[Part. de sobrevir.]
Adjetivo.
1.Que sobreveio.
Substantivo masculino.
2.Aquele que sobreveio ou chegou inesperadamente."
(Novo Dicionário Aurélio)


Estava eu, tranquilinha, tranquilinha - Ok, na verdade não tãããão tranquilinha... quem me conhece sabe que sou bem agitada! rs - mas eu estava na minha, no conforto do meu lar, na vibe do "eu me amo e não vivo sem mim, vou 'me curtir-me' myself today, man", rs.
- Niiiiiiiiiiiiiiiiiiinininini! - soou a campainha.
- Quem é?
- É a desilusão. Abre aí que eu tô chegando com a galera!
E foi assim que a desilusão, o desconforto e a confusão chegaram na minha casa pra tomar um tereré. E estas visitas não sabiam a hora de ir embora... E eu, por minha vez, não sei mandar visitas embora!
Tentei usar a força do pensamento, mas a confusão embaralhava minhas idéias e eu não conseguia me concentrar.
Coloquei a vassoura atrás da porta... não funcionou.
Tentei então com a vassoura de ponta cabeça. Nada.
Troquei a vassoura de pêlo por uma de palha. Nhé.
Coloquei as duas vassouras juntas. Por precaução, coloquei mais dois rodos, um balde e um pano de chão. E ninguém foi embora.
Pensei então que talvez o problema fosse a porta...
Tirei de trás da porta do quarto e coloquei atrás da porta da sala.
Da cozinha.
Do banheiro.
Da despensa, do quarto do meu irmão, do guarda-roupa... Nenhuma funcionou.
Acabaram as portas.
Pedi licença novamente.
Fui ao banheiro, lavei o rosto e olhei meu semblante cansado no espelho.
"- Estou sangrando! O que é isso?"
E descobri que ainda havia uma porta, tão abandonada que eu tinha até esquecido que existia... Era a porta do meu coração!
As visitas a abriram à força, e ali ela estava, em carne viva, rasgada, ardendo o peito.
Peguei as vassouras, os rodos, o balde e o pano de chão e resolvi fazer o que eu devia ter feito há muito tempo: uma faxina atrás desta porta.
-" Isto vai pro lixo, isto vou guardar, isto vou doar, isto... Nossa! Nem lembrava! hahaha... Isso aqui vou devolver, esqueceram aqui... Isso aqui está vencido..."
Faxina feita, passei para o segundo passo: costurar a ferida aberta.
Agulha, linha e tesoura em mãos.
Um nó na ponta da linha bem colocada na agulha e a primeira alinhavada...
"- Costura a carne, costura. Costura e prega esta ferida aberta, feia e malcheirosa que te consome o peito."
Segunda alinhavada...
"- Se antes coração inteiro, hoje meio coração."
Terceira alinhavada...
"- A decomposição é diária. Fatal. Necessária. (Necrosando, necrosando...)"
Quarta...
"- Aqui, entre lesmas e vermes, ao invés de pulsar esse meio coração rodava..."
Quinta...
"- Sempre no sentido anti-horário..."
Sexta...
"- Rodava, rodava, rodava e misturava tudo... Como num grande milk-shake sangrento e podre..."
E dei a última furada de agulha seguida da linha, arrastando por dentro da carne. Argh!
Sete alinhavadas e um nó digno do trio Huguinho, Zézinho e Luizinho.
Terminei. Voltei ao convívio dos meus (des)convidados um pouco mais aliviada.
- Uoahnhamnham...(Bocejo) Vocês querem alguma coisa? Uma água?
- Não, não... Olha... Já é tarde, nós já vamos embora, tá? - disseram a desilusão e o desconforto.
A confusão pediu pra dormir ali.
Beijo pra cá, beijo pra lá. Um abraço vazio... Um "voltem sempre" de mentira...
Simpatia enlatada e reticências infindáveis.
Dor no peito ainda sangrando.
Fui dormir com a confusão, na mesma cama, já que não havia mais colchões em casa... Mas ela estava tão confusa que quase não me deixou dormir.
Acordei cansada, com os olhos ardendo e o peito infeccionado, cheio de pus. A cabeça, como sempre, fervilhando.
"E pra que serviu tudo isso?" - você deve estar se perguntando.
Aparentemente, parece mesmo que não serviu pra nada. Mas serviu sim, quer ver?!
O que descobri serve pra mim e pra você também.

Descoberta 1: simpatias não funcionam.
Descoberta 2: ser simpática também não funciona.
Descoberta 3: faxinas são necessárias. Do it!
Descoberta 4: não leve a confusão pra cama. Não se você realmente pretende dormir.
Descoberta 5: antes de costurar a carne, esterilize a agulha e lave bem o ferimento. Quando infecciona esta ferida dói sem dó.
Descoberta 6: há liberdades que aprisionam.
Descoberta 7: Qualquer coisa traz algum aprendizado, desde que você saiba escolher o que vale a pena aprender.

É isso.
Vou lá comprar antinflamatório, álcool iodado e esparadrapos... rs.
Até mais!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sobre Suspiros (e sussurros)

Olhei pela janela do escritório.
"- Olá, garota! A tão sonhada chuva que você está esperando chegará hoje!" - me disse, com a maior cara de pau, o tempo nublado.
Foi quando então, para "lavar a alma", resolvi escutar Chico.
Aah, Chico... [suspiros]
Será que você é tão mentiroso quanto o tempo nublado de hoje? Sim, porque até agora não caiu uma gotinha de chuva sequer...
Se são mentiras, que mentiras mais lindas você sabe criar... [mais suspiros...]
Eu rodopio com os dedos, balanço com as pálpebras, me contenho para que ninguém note minha vontade de sair correndo...
Correndo e rodopiando, descalça, com os braços para o ar, os olhos fechados, o coração inflado, a cabeça vaziiiia... Ouvindo esta música e tomando banho de chuva!
(Que chuva? Fui enganada! rs)

Para quem é (ou gostaria de ser) e para quem tem (ou gostaria de ter uma), ofereço CECÍLIA.

Uma das mais belas canções que já tive o prazer de amar com os ouvidos do coração.




Cecília
Composição: Luíz Cláudio Ramos/Chico Buarque

Quantos artistas
Entoam baladas
Para suas amadas
Com grandes orquestras
Como os invejo
Como os admiro
Eu, que te vejo
E nem quase respiro

Quantos poetas
Românticos, prosas
Exaltam suas musas
Com todas as letras
Eu te murmuro
Eu te suspiro
Eu, que soletro
Teu nome no escuro

Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas

Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores
Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir...


"Cecília é simplesmente o nome que corresponde ao que ele está falando. É um nome que não se diz, é um nome que se sussurra, é um nome que se cicia. Cecília é isso. Então ele está falando de uma paixão de um nome que não pode ser pronunciado ou que não deve ser pronunciado, um nome que é soprado, que é sussurrado. A música já estava quase toda pronta e não tinha esse nome. Eu queria um nome para essa canção. A música é feita de parceria com o Luís Cláudio Ramos. Aí eu perguntei para o Luís Cláudio: "Qual é o nome da tua namorada?" - para ver se cabia, mas não cabia na coisa. Aí falei, não, tem de ser um nome assim, só isso. Simplesmente." (Chico Buarque)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sobre o olfato

Sim, de fato, eu não tenho olfato.
Não sei onde foi que ele perdeu-se de mim ou se fui eu que me perdi dele.
Só sei que, não sei onde, meu olfato está perdido.
Este malandrinho deve estar a confabular com milhares de botões de camisa, guarda-chuvas e alfinetes que encontrou, também perdidos, por aí...
Só me dei conta do sumiço dele há mais ou menos uns 6 anos.
De lá pra cá, foram 6 anos dos mais diversos tratamentos que nunca trouxeram de volta o cheiro da dama da noite plantada em meu quintal, do melancólico aroma da terra após ser banhada pela chuva ou da suculenta carne de panela forrada de rodelas de cebola feita pela minha mãe.
Por fim, acabei me acostumando, mas não me conformando.
É tão particular o que acontece comigo, que talvez expressando em palavras pode parecer que estou beirando a loucura (e talvez esteja mesmo...)
Sabe o que acontece? A minha cabeça às vezes parece querer me agradar e inventa cheiros pros sabores que eu sinto, cheiros pras cores que eu vejo...
E é sempre assim, me satisfaço, agradeço a benevolência e ela então dissipa a invenção, deixando apenas uma dúvida plantada bem no meio da minha testa: senti ou não?
Uma vez, minha cabeça inventou o cheiro de uma maçã adocicada que comi... Mmm!
Outra vez, inventou o cheiro de sabonete de um amigo que veio me abraçar após ter acabado de sair do banho! Foi tão gostoso!
Minha cabeça já inventou até cheiro de bacalhau no supermercado! hahaha
E teve uma vez...
Bem, teve uma vez que ela inventou o cheiro de um amor!
Este aroma meio-amargo ficou grudado na minha roupa e me seguiu até em casa...
Tomei banho e não saiu.
Meses se passaram... E ele ainda ali.
Mas eu nem me importava! Queria sentir mais e mais daquele perfume envolvente...
Por fim, a história acabou...
Mas, curiosamente, aquele cheiro não passou. Nem a dúvida: Senti ou não senti?
Será que nada disso existiu?

(Esta minha cabeça é tão criativa, não entendo como ela ainda não conseguiu inventar um meio de tirar esse cheiro que até hoje não saiu do meu travesseiro...)

Sobre o Blog

Segundo o Novo Dicionário Aurélio:


"[De sobr(e)+cheio.]
Adjetivo.
1. Cheio em demasia; acogulado.
2. Empanturrado, farto, enfartado."

Encorajada por um blogueiro altamente ativo a "eternizar" meus devaneios solitários, que atualmente encontram-se acorrentados dentro da minha pasta de rascunhos e blocos de nota perdidos em minha realidade virtual (que andam enchendo não só estes arquivos, mas também meu coração...), decidi transbordar sobre as coisas que sinto.

Não me leve tão a sério, ok?

O que escrevo são apenas pensamentos de uma cabeça semi-desparafusada, adoçados por um coração mole que pulsa sobre tudo que existe nesse mundo e, por fim, traduzidos pelas pontas de longos e branquelos dedos, que pulsam palavras incessantemente.

Devore esta doce sobremesa. :)