segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sobrevindo

"sobrevindo
[Part. de sobrevir.]
Adjetivo.
1.Que sobreveio.
Substantivo masculino.
2.Aquele que sobreveio ou chegou inesperadamente."
(Novo Dicionário Aurélio)


Estava eu, tranquilinha, tranquilinha - Ok, na verdade não tãããão tranquilinha... quem me conhece sabe que sou bem agitada! rs - mas eu estava na minha, no conforto do meu lar, na vibe do "eu me amo e não vivo sem mim, vou 'me curtir-me' myself today, man", rs.
- Niiiiiiiiiiiiiiiiiiinininini! - soou a campainha.
- Quem é?
- É a desilusão. Abre aí que eu tô chegando com a galera!
E foi assim que a desilusão, o desconforto e a confusão chegaram na minha casa pra tomar um tereré. E estas visitas não sabiam a hora de ir embora... E eu, por minha vez, não sei mandar visitas embora!
Tentei usar a força do pensamento, mas a confusão embaralhava minhas idéias e eu não conseguia me concentrar.
Coloquei a vassoura atrás da porta... não funcionou.
Tentei então com a vassoura de ponta cabeça. Nada.
Troquei a vassoura de pêlo por uma de palha. Nhé.
Coloquei as duas vassouras juntas. Por precaução, coloquei mais dois rodos, um balde e um pano de chão. E ninguém foi embora.
Pensei então que talvez o problema fosse a porta...
Tirei de trás da porta do quarto e coloquei atrás da porta da sala.
Da cozinha.
Do banheiro.
Da despensa, do quarto do meu irmão, do guarda-roupa... Nenhuma funcionou.
Acabaram as portas.
Pedi licença novamente.
Fui ao banheiro, lavei o rosto e olhei meu semblante cansado no espelho.
"- Estou sangrando! O que é isso?"
E descobri que ainda havia uma porta, tão abandonada que eu tinha até esquecido que existia... Era a porta do meu coração!
As visitas a abriram à força, e ali ela estava, em carne viva, rasgada, ardendo o peito.
Peguei as vassouras, os rodos, o balde e o pano de chão e resolvi fazer o que eu devia ter feito há muito tempo: uma faxina atrás desta porta.
-" Isto vai pro lixo, isto vou guardar, isto vou doar, isto... Nossa! Nem lembrava! hahaha... Isso aqui vou devolver, esqueceram aqui... Isso aqui está vencido..."
Faxina feita, passei para o segundo passo: costurar a ferida aberta.
Agulha, linha e tesoura em mãos.
Um nó na ponta da linha bem colocada na agulha e a primeira alinhavada...
"- Costura a carne, costura. Costura e prega esta ferida aberta, feia e malcheirosa que te consome o peito."
Segunda alinhavada...
"- Se antes coração inteiro, hoje meio coração."
Terceira alinhavada...
"- A decomposição é diária. Fatal. Necessária. (Necrosando, necrosando...)"
Quarta...
"- Aqui, entre lesmas e vermes, ao invés de pulsar esse meio coração rodava..."
Quinta...
"- Sempre no sentido anti-horário..."
Sexta...
"- Rodava, rodava, rodava e misturava tudo... Como num grande milk-shake sangrento e podre..."
E dei a última furada de agulha seguida da linha, arrastando por dentro da carne. Argh!
Sete alinhavadas e um nó digno do trio Huguinho, Zézinho e Luizinho.
Terminei. Voltei ao convívio dos meus (des)convidados um pouco mais aliviada.
- Uoahnhamnham...(Bocejo) Vocês querem alguma coisa? Uma água?
- Não, não... Olha... Já é tarde, nós já vamos embora, tá? - disseram a desilusão e o desconforto.
A confusão pediu pra dormir ali.
Beijo pra cá, beijo pra lá. Um abraço vazio... Um "voltem sempre" de mentira...
Simpatia enlatada e reticências infindáveis.
Dor no peito ainda sangrando.
Fui dormir com a confusão, na mesma cama, já que não havia mais colchões em casa... Mas ela estava tão confusa que quase não me deixou dormir.
Acordei cansada, com os olhos ardendo e o peito infeccionado, cheio de pus. A cabeça, como sempre, fervilhando.
"E pra que serviu tudo isso?" - você deve estar se perguntando.
Aparentemente, parece mesmo que não serviu pra nada. Mas serviu sim, quer ver?!
O que descobri serve pra mim e pra você também.

Descoberta 1: simpatias não funcionam.
Descoberta 2: ser simpática também não funciona.
Descoberta 3: faxinas são necessárias. Do it!
Descoberta 4: não leve a confusão pra cama. Não se você realmente pretende dormir.
Descoberta 5: antes de costurar a carne, esterilize a agulha e lave bem o ferimento. Quando infecciona esta ferida dói sem dó.
Descoberta 6: há liberdades que aprisionam.
Descoberta 7: Qualquer coisa traz algum aprendizado, desde que você saiba escolher o que vale a pena aprender.

É isso.
Vou lá comprar antinflamatório, álcool iodado e esparadrapos... rs.
Até mais!

2 comentários:

  1. Gostei!
    hehehe
    concordo com td q vc falou...
    embora todos passemos por sofrimentos, cabe a cada um decidir o que fazer deles...
    a beleza da vida está justamente em saber tirar proveito também disso...
    fica com Deus, maninha! bjo!

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  2. logo seu coraçao sera feliz a ponto de nao lembrar nem c quer de como é a dor q vc esta sentindo, ele estará tao feliz e cheio de amor q nem c lembrará q um dia foi triturado, estraçalhado e costurado,e como vc mesmo me falou, talvez o amor esteja t esperando, é só abrir os olhos.. eu acredito nisso, só preciso q meu coraçao acredite..

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